A TEORIA DA LITERATURA NO BRASIL: texto de referência

O texto de referência do colóquio A Teoria da Literatura no Brasil, a ter lugar na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC a 6 e 7 de junho próximos, será o seguinte:

A introdução da disciplina da Teoria da Literatura no Brasil remonta, como é sabido, à década de 1950, quando Afrânio Coutinho, ex-aluno de René Wellek, propôs a sua criação na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade do Estado de Guanabara, depois designada Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Entendida então como disciplina propedêutica ao estudo da “Ciência da Literatura”, tal conceção viria a conflituar com outra, que passou a dominar a disciplina ao longo dos anos 60 e 70, anos da sua expansão curricular, para a qual a Teoria da Literatura seria antes, nas palavras de Luiz Costa Lima em 1975, a “suma dos estudos literários”, conceção que viria a coincidir com o apogeu do estruturalismo na universidade brasileira. O triunfo desta segunda conceção, que se prolonga pela década de 80, acusará, contudo, desde cedo, um processo de desagregação induzido pelas várias correntes pós-estruturalistas, sendo a mais vincada a Desconstrução, a que se seguirão os efeitos (des)concertados do Feminismo e dos Queer Studies, bem como dos Estudos Culturais, culminando quer nas querelas identitárias em torno do cânone, quer na desvalorização do capital cultural da literatura.

Este processo viveu no Brasil paredes meias com formas de pensamento teórico que, provenientes de outras áreas do estudo da literatura – em particular, a orientação sociológica do trabalho de Antonio Candido, com as noções de “sistema”, na Formação da Literatura Brasileira, e de “estrutura”, posteriormente – neutralizaram sem problemas aparentes o conflito novecentista entre Teoria e História da Literatura, o que permitiu relançar, por mais algumas décadas, as condições de possibilidade da narração da História da Literatura Brasileira, muitas vezes em versão comparatista. Continue reading

A TEORIA DA LITERATURA NO BRASIL: colóquio internacional

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Nos próximos dias 6 e 7 de junho terá lugar na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC um colóquio internacional com o título A Teoria da Literatura no Brasil. O colóquio reunirá os seguintes especialistas:

Brasil
Emilio Maciel (UFOP)
Fabio Akcelrud Durão (UNICAMP)
João Cézar de Castro Rocha (UERJ)
Marcos Natali (USP)
Matheus de Brito (UERJ)
Nabil Araújo (UERJ)

EUA
André Corrêa de Sá (UCSB)

Espanha
Pedro Serra (USAL)

Portugal
Alva Martinez Teixeiro (UL)
Carlos Reis (UC)
Joana Matos Frias (UL)
Osvaldo Manuel Silvestre (UC)
Ricardo Namora (CLP)

O colóquio é uma iniciativa conjunta do Instituto de Estudos Brasileiros e do Centro de Literatura Portuguesa (CLP), com apoio ainda da Fundação Eng.º António de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (CIEC) e do DLLC.

O volume 14 (2024) da Revista de Estudos Literários, do CLP, organizado por Osvaldo Manuel Silvestre (UC) e Diego Giménez (CLP), será dedicado ao tema do colóquio, podendo a Chamada para Artigos ser lida aqui.

O cartaz do evento é de Thales Estefani.

O IMAGINÁRIO MESTIÇO na Literatura Brasileira: curso breve por Talles Faria

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Nos próximos dias 12 e 13 de abril Talles Faria dará um curso breve no Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC sobre o tema da mestiçagem na literatura brasileira. Talles Faria é Doutor em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas pela Universidade do Minho, com uma tese intitulada “O Sertão e a Montanha: Imagens de Minas Gerais entre os séculos XVIII e XX”, e mestre em Estudos Literários e graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atua nas áreas de literatura brasileira, teoria da literatura e filosofia.

A descrição do curso é a seguinte:

O curso abordará a presença de um imaginário mestiço na literatura brasileira, com base na literatura produzida a partir do estado de Minas Gerais, a partir dos elementos e dos seres fantásticos, folclóricos, sobrenaturais e mitológicos convocados pelos textos de Cláudio Manuel da Costa, Bernardo Guimarães, Afonso Arinos, Cornélio Penna e João Guimarães Rosa.

O curso decorrerá na sala do IEB, a 12 e 13 de abril, entre as 16h-19h. Serão atribuídos certificados de presença.

Régis Bonvicino na FLUC

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Régis Bonvicino, importante poeta brasileiro, estará amanhã na FLUC para uma sessão sobre o seu novo livro, A Nova Utopia. A obra de Bonvicino foi reunida em 2010 no volume Até Agora, que colige a sua produção entre 1975 e 2006. Após essa reunião, o poeta editou Estado Crítico, em 2013, e, em 2020, Deus devolve o revólver, libreto editado ao mesmo tempo que o álbum produzido por Rodrigo Dário, músico e designer, no qual Bonvicino diz poemas acompanhado por uma barragem sonora que configura uma experiência definida por Alcir Pécora, no seu prefácio, como “poesia eletrónica heavy” (o álbum pode ser ouvido no YouTube e noutras plataformas). O livreto integra agora A Nova Utopia.

Régis Bonvicino dirige também, há vários anos, uma importante revista de poesia online, a Revista de Poesia e Crítica Literária Sibila. Tudo isto são razões mais que suficientes para os interessados na poesia brasileira contemporânea se deslocarem amanhã, pelas 15h, ao Anfiteatro III da FLUC, no 4º piso.

IluEstrada. Um itinerário com ilustradores brasileiros

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Na semana de 21 a 25 de novembro terá lugar na FLUC a IluEstrada. Um itinerário com ilustradores brasileiros. A iniciativa, uma proposta de Thales Estefani para o Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC, inclui uma exposição, pelo espaço de uma semana, do trabalho de seis ilustradores/as brasileiros/as residentes em Portugal no átrio do Teatro Paulo Quintela. Eis o texto de referência do evento:

A palavra escrita e a imagem pictórica nunca estiveram desassociadas; desde a origem das letras do alfabeto – por processos de simplificação de pequenos desenhos –, passando por manuscritos antigos repletos de iluminuras, aos livros ilustrados – infantis ou não – que estabeleceram diferentes relações multimodais através de técnicas desenvolvidas por artistas, designers e editores.

A ilustração brasileira é mundialmente reconhecida e apreciada. O Brasil já foi homenageado duas vezes na Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, o evento mais importante do género no mundo, e muitos(as) ilustradores(as) brasileiros(as) já venceram diversos prémios internacionais. Mas as obras artísticas não viajam pelas várias partes do globo sozinhas.

O objetivo do IluEstrada é criar um caminho, um percurso para o encontro, entre ilustradores/as brasileiros/as e o Instituto de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É uma via de acesso que convida a todos/as os/as que quiserem nos acompanhar para compartilhar experiências e compreender melhor os processos de conceção e técnicas de realização de livros ilustrados – e não só.

A partir da metáfora de uma “BR” que cruza o Atlântico, trazemos a Coimbra artistas que compartilharão suas trajetórias, suas carreiras – em toda a polissemia das palavras –, contribuindo para fortalecer a presença das obras ilustradas no contexto da FLUC e difundir a sua importância à comunidade em geral.

No dia 25 os/as ilustradores/as em causa estarão presentes na sala do Instituto de Estudos Brasileiros para duas mesas-redondas:

10.45: Mesa-Redonda sobre “Ilustração e Literatura Infantojuvenil”.
Ilustradores: Alexandre Rampazo, Carlo Giovani e Yara Kono
Moderação: Jaqueline Conte

15.00: Mesa-Redonda sobre “Ilustração e Desdobramentos”.
Ilustradores: Renata Bueno, Najla Leroy e Evandro Renan
Moderação: Thales Estefani

A jornada abrirá com uma visita guiada pela exposição, entre as 10.00 e as 10.40.

Como se disse acima, a Iluestrada é uma proposta de Thales Estefani, estudante do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, responsável por toda a conceção do evento e autor também do cartaz.

O evento será presencial e serão distribuídos certificados de presença.

O Grafatório e Fernando Pessoa: uma apresentação

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Com sede em Londrina, Paraná, o Grafatório é, como se pode ler no seu site, “uma associação cultural sem fins lucrativos, baseada em Londrina. O coletivo reúne pesquisadores, designers, artistas visuais e outros profissionais ou amadores que se interessam pelo abrangente universo das artes gráficas.” O catálogo do Grafatório, no qual é difícil indicar um livro ou objeto não colecionável, mostra bem o propósito de dar um passo atrás em relação ao devir digital das artes gráficas, recuperando segmentos importantes da tradição da tipografia a chumbo, para dar dois passos em frente, no sentido de uma tipografia pós-digital.

O último título do Grafatório, uma edição de Diego Giménez, é um volume de Fernando Pessoa com o título Escrever é Esquecer, razão pela qual o IEB acolherá no próximo dia 2 de novembro, pelas 16h, na sua sala, uma sessão na qual quer esta mais recente publicação, quer o trabalho do Grafatório, serão objeto de apresentação e debate. Pelo Grafatório estará presente Felipe Melhado, que descreverá o processo de produção do Grafatório e do volume de Fernando Pessoa. A sessão contará também com a presença de Diego Giménez.

A sessão será presencial e serão atribuídos certificados de presença a quem os solicitar.

O cartaz da sessão é de Thales Estefani.

Salloma Salomão no IEB

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Amanhã, terça-feira (18 de outubro), pelas 19h, o IEB recebe a conferência “O Teatro Experimental do Negro”, por Salloma Salomão. A conferência abordará a trajetória do Teatro do Negro e de Abdias do Nascimento a partir da relação com a atividade artística do próprio Salloma, tendo em vista o contexto brasileiro.A sessão integra a Mostra São Palco 2022 Teatro Brasileiro em Portugal, uma amostra das
vias de criação teatral contemporânea brasileira.

Salloma Salomão Jovino da Silva é músico, performer, Doutor em História (PUC-SP) e
Pesquisador associado ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É consultor
da Secretaria de Educação do Município de São Paulo e tem como especialidades temas como
cultura musical, lutas pela liberdade, práticas culturais negras no século XIX e XX, identidades
étnicas e movimentos negros urbanos, sociabilidades negras em São Paulo e musicalidades
africanas. Dos trabalhos recentes, destacam-se Agosto na Cidade Murada (2018) e a trilha
sonora do filme Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, selecionado para o Festival
de cinema de Berlim e premiado no Festival de Cinema de Gramado em 2020.

A sessão será presencial.

IEBOM: o que é bom sempre começa

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Com periodicidade espaçada, mas regular, passará a ter lugar na sala do IEB, sempre a uma terça-feira entre as 13.30 e as 14.00, uma iniciativa intitulada IEBOM [ler E é bom!]. A iniciativa visa apresentar brevemente um aspeto da história, da cultura  e da literatura brasileira, em ambiente informal, enquanto se toma um cafezinho e se come um bolinho.

A primeira realização, a cargo de Elizama Almeida de Oliveira, estudante do programa de doutoramento em Materialidades da Literatura, visa apresentar algumas das fotos que integram o corpus fotográfico realizado por Marcel Gautherot na construção de Brasília. Segue-se o resumo da atividade:

IEBOM falar sobre Brasília

As fotos de Marcel Gautherot, feitas na década de 1950, mostram a construção da capital do Brasil, que hoje abriga a política e suas tensões. Projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, os edifícios curvilíneos foram erguidos no coração do país pelas mãos de trabalhadores conhecidos como candangos.

Sob a guarda do Instituto Moreira Salles (RJ), a série fotográfica feita por Gautherot capta o nascimento de Brasília e será comentada por Elizama Almeida, no dia 11 de outubro, às 13h30.

A fala abre a série IEBOM.

Mais informações sobre Marcel Gautherot:
https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-marcel-gautherot/

O cartaz é de Thales Estefani.

É isso aí, gente: apareçam!

Grace dos Anjos no IEB

Grace dos Anjos, Professora de Língua e Literatura Latina da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), fará no próximo dia 4 de outubro, pelas 18h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros, uma conferência intitulada “Foi vendido o peixe, e acastanha, q remetti a elles: sobre a perspectivação passiva do acontecer verbal em cartas comerciais manuscritas do século XIX”.

A Professora Grace dos Anjos leciona na UFAM, em nível de graduação e pós-graduação, disciplinas pertinentes à Variação Linguística, à Linguística Histórica do Português, ao Latim Clássico e à Literatura Latina. É coordenadora do Projeto de Pesquisa ‘Cartas dos séculos XIX e XX: organização de um corpus diacrónico do português registrado no Amazonas no período áureo da borracha’ e membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFAM. É Doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Eis o resumo da conferência::

Para tratar do afrouxamento da concordância verbal (Fizeram-se as ultimas transações /não se sabe bem os motivos) em contexto de passivas sintéticas, considero 867 (oitocentas e sessenta e sete) correspondências trocadas entre os Araújo (família portuguesa, proprietária da maior empresa de aviamento dos tempos áureos da borracha) e os que viviam no interior amazônico ao longo dos anos de 1880 a 1889. De abordagem sociofuncionalista, meus estudos apontam, a exemplo do que propõe Carvalho (1990, p. 90), que, em razão da falta de clareza da passiva sintética, “em seu lugar, reina soberana, nas línguas românicas, a passiva analítica”.

A conferência será presencial. Serão atribuídos certificados de presença.

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