Raul Antelo no IEB

48-20240611165428_IMG_3949Na próxima segunda-feira, 3 de fevereiro, pelas 14h, Raul Antelo fará uma conferência na sala do IEB, com o título Modernismo, festa, barroco. Com uma longa carreira na Universidade Federal de Santa Catarina, Raul Antelo produziu uma vasta obra, inicialmente em torno do modernismo brasileiro (com especial incidência em Mário de Andrade), depois em torno de uma ideia expandida de moderno, uma ideia que revisitou munido de um amplo arsenal literário, mas também artístico, teórico e filosófico, convocando um repertório sempre impressionante, e sempre produtivo, de referências hispano-americanas, mas também europeias.

Além da lecionação na UFSC, Raul Antelo foi pesquisador do CNPq, Guggenheim Fellow e professor visitante em várias universidades estrangeiras (Duke, Yale, Texas at Austin, Maryland, Leiden). Presidiu à Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) e recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidad Nacional de Cuyo, na Argentina. É autor de vários livros, dentre eles, Maria com Marcel. Duchamp nos trópicos; Archifilologías latinoamericanas; Visão e potência-do-não; A máquina afilológica; En muerte: miniaturas urbanas; Azulejos: lo transvisual y la arqueología de lo moderno; La vida se complica cuando se hallan escombros a cada paso e Inventário de sonhos usados. Goya plagia Didi-Huberman. Foi editor de Mário de Andrade, Jorge Amado e João do Rio, preparou, em colaboração, Lirismo+Crítica+Arte=Poesia. Um século de Pauliceia Desvairada. Aguardam publicação, entre outros, Heideggerianos e Modernismo múltiplo.

Segue-se um resumo da sua conferência no IEB:

Quero propor uma leitura do contemporâneo como futuro anterior. Sabemos, a partir de Lacan, que o que se realiza em cada história não é o passado simples daquilo que já existiu, dado que ele já não é; embora também não seja o perfeito composto do que tem sido naquilo que agora existe, mas tão somente o futuro anterior, do que cada um terá sido para aquilo em que está se transformando. O passado nunca é dado, ele se constitui no “só-depois” (après-coup). Por isso que, aos efeitos da reflexão, o corte será a excursão modernista a Minas, em 1924, e seus desdobramentos. Esse evento nos persuade que o passado, de fato, nunca termina de passar e chamamos de futuro apenas aquela parte de passado que ainda não passou. Em outras palavras, a vanguarda constitui-se na busca da verdade; entretanto, ao realizar sua história, é só no futuro que ela toca essa sua própria indeclinável verdade. O futuro anterior da festa mineira de 1924 abre, assim, para cada leitura, seu sentido último pois, como dizia Derrida na Gramatologia (1967), “o futuro só se pode antecipar na forma do perigo absoluto. Ele é o que rompe absolutamente com a normalidade constituída e por isso somente se pode anunciar, apresentar-se, na espécie da monstruosidade”.

Com esta conferência, iniciam-se as comemorações dos 100 anos da Sala do Brasil / Instituto de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

O acesso à conferência é livre e serão atribuídos certificados de presença.

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O cartaz do evento é de Thales Estefani.

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