Nabil Araújo no IEB

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No próximo dia 10 de dezembro, pelas 17h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros, Nabil Araújo (UERJ/CNPq/FAPERJ) fará uma conferência intitulada “Modos de dizer (e de ler) a escravidão: humanismo e literatura em O Rio de Janeiro como é (1824-1826), de Carl Schlichthorst”. Nabil Araújo é doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com estágio pós-doutoral na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é Bolsista de Pós-doutorado Sênior do CNPq junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense (POSLIT/ UFF). É professor de Teoria da Literatura na graduação e na pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador bolsista do Programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE-FAPERJ) e do Prociência (UERJ). É líder do grupo de pesquisa interinstitucional Retorno à Poética (CNPq) e coordenador da área de Estudos da Literatura do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ.

É editor Associado de Matraga – Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ. Coordenador da Coleção Universos da Crítica (EDUERJ). É autor de Entre-lugares da desconstrução (EDUERJ, no prelo); Além do paradigma (Sobre o legado de Thomas Kuhn) (EDUERJ, 2022), Teoria da Literatura e História da Crítica: momentos decisivos (EDUERJ, 2020) e O evento comparatista: da morte da literatura comparada ao nascimento da crítica (EDUEL, 2019).

Eis uma breve descrição da sua conferência:

No prólogo de O soldado antropofágico: escravidão e não-pensamento no Brasil (2022), Tales Ab’Saber fala de “seis principais modos de conceber a nossa escravidão”, modos para além do “discurso abolicionista acentuado gradualmente depois de 1860”, dentre os quais se irá destacar aquele relacionado ao personagem do título do livro. Carl Schlichthorst, soldado mercenário alemão que circulou pelo Rio de Janeiro entre 1824 e 1826, registrou suas impressões acerca do que ora viu e viveu num volume intitulado Rio de Janeiro wie es ist, publicado em 1829 na Alemanha e em 1943 no Brasil, com o título de O Rio de Janeiro como é, o qual será objeto da atenção de Tales em seu livro, sobretudo o relato quase onírico do tal soldado acerca do impacto nele gerado pela aparição casual, numa praia carioca, de uma jovem negra vendedora de doces que então canta e dança diante dele. Ao lado do “modo Schlichthorst”, outros três modos, num total de quatro, portanto, são denominados com nomes de escritores – Gonzaga, Gonçalves Dias, Alencar –, todos anteriores ao “momento decisivo” machadiano, à virada que serve de baliza, inclusive, para Tales avaliar o próprio valor da obra de seu protagonista. Há, assim, uma brecha em O soldado antropofágico para se pensar a literatura produzindo alguma coisa que não estaria simplesmente prevista pela estrutura social, mas antes conformada por um dos referidos “modos de conceber”, ou, já que se trata aí de modalidades de discurso, “modos de dizer”, especifica Tales: “modos de dizer nossa vida popular que tinha contato com o povo trabalhador, escravizado e negro, africanos que se tornavam brasileiros à força”. Focando-nos especificamente no “modo Schlichthorst”, analisaremos aquilo que se poderia chamar, no livro de Tales, de um “contrato de leitura”, em vista do qual se estabeleceriam as condições de possibilidade para se ler o autor alemão como ele então o faz, convertendo-o em “soldado antropofágico”. A partir dessa análise, procuraremos refletir, à luz de Antonio Candido, Edward Said e Jean-François Lyotard, sobre humanismo e literatura nas memórias brasileiras de Carl Schlichthorst.

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