No próximo dia 10 de dezembro, pelas 16h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros, Thayane Verçosa (UFF/FAPERJ) fará uma conferência com o título “Macobeba: um personagem e suas refigurações (entre a literatura e o mito)”. Thayane Verçosa é pós-doutoranda, com bolsa da FAPERJ, no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense (POSLIT/UFF). É Doutora em Literatura Brasileira pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGL/UERJ), com a pesquisa “O caso Macobeba: um personagem e suas refigurações entre o mito e a literatura”, financiada pela CAPES. É Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pelo mesmo Programa, com a pesquisa: “Quadros graciliânicos: sobre a atribuição de ‘efeito de real’, ‘ilusão referencial’ e colaboracionismo estadonovista a Graciliano Ramos”, financiada pela CAPES.
Eis uma breve descrição do tema da conferência:
Criado por Júlio Bello, com o pseudônimo José Mathias, no periódico pernambucano A Província, em abril de 1929, o monstro Macobeba foi caracterizado, inicialmente, como “um horrível ente fantástico”, que “devasta tudo por onde passa”. Esse caráter monstruoso e destruidor atribuído inicialmente à criatura se manteve na maior parte das publicações sobre ele, de abril a setembro de 1929. Tais textos foram recebidos de maneiras distintas por diferentes camadas sociais, gerando, consequentemente, duas linhas de recepção e de refiguração do personagem monstruoso: a letrada e a popular. Na primeira delas, serão analisados os textos de autores relevantes do modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Jorge de Lima, Manuel Cavalcanti Proença e Joaquim Cardozo, ressaltando-se que eles criaram as suas próprias versões da criatura, com diferenças consideráveis em relação à figuração original. Já na segunda via de recepção analisamos brevemente alguns textos mais diversos e variados, publicados em diferentes periódicos brasileiros no século XX, que se assemelham na medida em que apresentam o monstro Macobeba sem menção ao seu criador original, nem ao periódico A Província. Considerando a autonomia alcançada pela criatura na segunda via, a sua presença em uma espécie de tradição popular e anónima, defende-se que Macobeba alcançou o que Claude Lévi-Strauss definiu como “estado de mito”.