NABIL ARAÚJO no IEB

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Nabil Araújo, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fará uma conferência no IEB, no próximo dia 5 de dezembro de 2023, pelas 11h.

O Professor Nabil Araújo é doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor de Teoria da Literatura na graduação e na pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisador visitante na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pesquisador bolsista do Programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE-FAPERJ) e do Prociência (UERJ). Líder do grupo de pesquisa interinstitucional “Retorno à Poética” (CNPq). Editor Associado de Matraga – Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ (PPGL-UERJ). Membro do conselho editorial da Editora da UERJ (EdUERJ). Coordenador do conselho editorial da “Coleção Letras UERJ” (EDUERJ). Coordenador da área de Estudos da Literatura do PPGL-UERJ. É autor de Além do paradigma (Sobre o legado de Thomas Kuhn) (EDUERJ, 2022), Teoria da Literatura e História da Crítica: momentos decisivos (EDUERJ, 2020) e O evento comparatista: da morte da literatura comparada ao nascimento da crítica(EDUEL, 2019).

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O cartaz é de Thales Estefani (com a devida vénia ao Dicionário Aurélio)

A conferência de Nabil Araújo no IEB tem como título “Nacional por Tradução” e o seu resumo é o seguinte:

Num ensaio hoje clássico, Roberto Schwarz (1986), partindo da “experiência do caráter postiço, inautêntico, imitado da vida cultural que levamos” (brasileiros e latino-americanos) – experiência sintetizada na fórmula das “ideias fora do lugar” –, demarcou-se tanto dos “nacionalismos de esquerda e direita” e sua “busca de um fundo nacional genuíno […] através da eliminação do que não é nativo” (o “nacional por subtração”), quanto de “certa filosofia francesa recente” na esteira da qual críticos como Silviano Santiago e Haroldo de Campos buscaram inverter o lugar-comum segundo o qual “a cópia é secundária em relação ao original”, oferecendo “uma interpretação triunfalista do nosso atraso” análoga à intentada pelo programa antropofágico na década de 1920: “[d]e atrasados passaríamos a adiantados, de desvio a paradigma, de inferiores a superiores”. Três décadas mais tarde, João Adolfo Hansen (2016), assumindo uma “perspectiva internacionalista” que descarta a um só tempo o problema das “ideias fora do lugar” bem como a resposta nacionalista ao mesmo, irá defender, com base em Abel Barros Baptista, a “ideia da literatura como hospitalidade incondicional e tradução”. Nesse movimento, Hansen endossa inadvertidamente a concepção universalista de Weltliteratur postulada no século XIX por Goethe – a qual “se referia ao que é genericamente humano e comum a todos os homens” –, ignorando as profundas desigualdades reconhecidas por Franco Moretti (2001) no “sistema-mundo literário”. O problema reside na falsa equivalência sugerida por Hansen entre “hospitalidade incondicional” e “tradução”: voltando às proposições de Baptista (2005; 2014), mostraremos que a tradução se impõe, na verdade, justamente porque a hospitalidade incondicional no que se refere à literatura não passa de uma “utopia”, e que a heterogeneidade linguística que reclama a tradução como performance constitutiva do idioma é justamente o que permite que se recoloque em nova chave o problema do nacional(ismo) no campo estético-literário: nacional por tradução.

Referências: BAPTISTA, Abel Barros. O livro agreste: ensaio de curso de literatura brasileira. Campinas: Ed. da Unicamp, 2005. BAPTISTA, Abel Barros. Três emendas: ensaios machadianos de propósito cosmopolita. Campinas: Ed. da Unicamp, 2014. HANSEN, João Adolfo. Lugar do cânone e da crítica nos estudos literários da universidade hoje. In: LOPES, Dayana M. et al. (Org.) VI Seminário dos alunos da Pós-Graduação da UERJ. Rio de Janeiro: Letras e Versos, 2016. p. 7-38. MORETTI, Franco. Conjecturas sobre a literatura mundial. In: SADER, Emir (Org.). Contracorrente: o melhor da New Left Review em 2000. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 45-64. SCHWARZ, Roberto. Nacional por subtração (1986). In: ______. Que horas são? São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 29-48.

Serão atribuídos certificados de participação.

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